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O KARATÊ-DO E SUA DOUTRINA

Sou um praticante desta bela arte marcial oriental, acredito que o ser humano não valoriza e até desconhece o seu potencial realizador de ações, suas motivações. E para tanto eu resolvi expor a doutrina do karatê-do tradicional como fonte de autoconhecimento e também aplicado à vida em todas suas instâncias e agregando assim imenso valor às pessoas que assim como eu desejam seguir o "budo" do karatê-do como estilo de vida.

O KARATÊ - DO E A IDÉIA DE LEGÍTIMA DEFESA


Eu como honorável estudante, pesquisador e praticante de Karate-Do Tradicionl, gostaria de compartilhar esse artigo com todos que seguem o caminho das mãos vazias. Porque é necessário dizer que escrevo para lembrar de nosso dever e responsabilidade como artista marcial e também de nosso direito à legítima defesa pessoal de nossa integridade física. Sabe-se que sempre foi dito que não devemos infligir agressão física a quem quer que seja, pois estariamos indo contra o que aprendemos com o Karate-Do. Eu e você aprendemos que o verdadeiro e real Karate-Do é uma arte marcial nobre de elevação moral e espiritual, com o intuito de aperfeiçoar o nosso caráter. Porque em Karate aprendemos a educar o nosso instinto agressivo para ser alguém com o temperamento dócil e sereno. Se não temos esses valores como meta de nada será útil para você mesmo e para a segurança da sociedade você praticar Karate. Então por que razão não transformar a si mesmo num ser humano melhor, ofereçendo ao mundo em que vivemos o nosso melhor como pessoa? Certamente, quando assim o fizermos teremos a certeza de que o mundo estará ao nosso lado. Saiba que "aquele que agride uma pessoa, se maior de idade e capaz de entender as consequências de seus atos, pode basicamente estar cometendo os seguintes delítos: lesões corporais, homicídio tentado ou consumado, participação em rixa ou injúria real. Um verdadeiro e real praticante de arte marcial tem o dever, mais que qualquer outra pessoa, de ter plena consciência dos seus atos envolvendo o uso de suas técnicas. Entretanto, o ordenamento jurídico não traz em seu cerne somente a proibição, mas também permite certas condutas. Quando nos deparamos com uma proibição, devemos imediatamente analisar se não há uma norma que não exclui a ilicitude no caso expecífico. Saiba que há situações limítrofes em que a ilicitude de fato é excluida por expressa determinação legal, descaracterizando a prática criminosa, sendo uma delas a legítima defesa. O Código Penal Brasileiro entende estar em legítima defesa aquele que, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem ( artigo 25). A legítima defesa, para que se configure, deve atender a alguns requisitos, a atualidade, ou iminência, a necessidade e a moderação. Os dois primeiros se referem à agressão e os dois últimos à repulsa ou ao impedimento da agressão.

Atualidade : a agressão a ser repelida está em desenvolvimento ( não pode ser passada ou futura)

Iminência : a agressão está em vias de ocorrer.

Necessidade : a ação de defesa deve ser racional, os meios utilizados para impedir ou repelir a agressão devem ser adequados conforme as circunstâncias concretas, ou seja, o agente deve escolher os meios menos danosos que puder e que ao mesmo tempo lhe garantam a defesa.

Moderação : o agente deve aplicar a intensidade razoável no uso dos meios de defesa.

O artista marcial que se defende de uma agressão deve levar em conta sobretudo os dois últimos requisítos acima mencionados. Obviamente não corresponde à necessidade aquele que fere mortalmente pessoa mais fraca, que seria incapaz de causar grandes ofensas à integridade física. Tampouco obedece à ideia da moderação aquele que, protegendo-se de um agressor, nele bate impiedosamente após tê-lo dominado. Entende-se que é possível para qualquer artista marcial, independente da modalidade que pratica, obedecer aos elementos que caracterizam a legítima defesa. Devemos sempre lembrar, contudo, que muitas vezes impedir ou repelir uma agressão sem machucar uma pessoa depende de muito mais treino do que é preciso para ferir alguém. Todo e qualquer sensei, em geral, têm, o dever e a responsabilidade de insistir sempre com seus discípulos que atos de violência não podem partir deles. Porque o senso de responsabilidade é mais importante que a capacidade de lesionar uma pessoa. Qualquer um que deseja aprender artes marciais deve evitar falsos mestres que dizem o contrário ( e que, portanto, estão incentivando a prática de atos ilegais ), como também qualquer sensei ou mestre, devem ter o bom senso de se recusar a ensinar ou passar técnicas para aqueles que, após toda tolerância e oportunidade desejáveis, continuam a querer utilizar os seus conhecimentos com intuitos violentos. Reishin Kawai, mestre de Aikido, em seus ensinamentos sempre enfatiza a importância das questões aqui expostas no presente artigo. Kawai Sensei, ainda sem um profundo conhecimento jurídico da questão, possui o conhecimento filosófico e a intuição que todo verdadeiro mestre tem de que a vida humana é sagrada e a integridade física deve ser preservada a todo custo ( tanto do agressor quanto da vítima ). A harmonia deve ser exercitada e é na prática correta dos kata e do Budo que se entende que o caminho para a paz não é o conflito, pois a essência do Budo é parar o conflito. Portanto, a capacidade de defesa de um verdadeiro artista marcial deve ser exercida somente em situações limítes que comprometam a integridade física ou a vida e, quando a solução por outros meios se tornar inviável, sempre atendendo à necessidade e à moderação da resposta.

Fonte : Aikido Técnica e filosofia de Ernesto Cohn


Budo


A palavra japonesa "budo" é composta de dois caracteres. Embora o caractere bu geralmente seja traduzido por "marcial", os componentes originais desse ideograma tem o sentindo de "parar o conflito com armas", o que implica, exatamente, restaurar a paz. Bu também pode ser interpretado como "ação de valor", " modo corajoso de viver" e "compromisso com a justiça". Do significa o Tao " o Caminho para a verdade" , "a Vereda para a Libertação". Os dois conceitos se juntam para formar a palavra budo, " o Caminho para ações de coragem e de iluminação".

Fonte: Segredos do Budo de John Estevens


A arte marcial e o segredo do Budo

Todo o segredo da arte Budo está na concepção moral e na posição que o praticante assume em relação a ela. A essência do " Do " ( vereda espiritual ), somente será encontrada pelo budoka que a buscar profundamente, transcendendo o treinamento comum e rotineiro. O objetivo do Budo não é o árduo treinamento físico, capaz de transformar um corpo em uma arma mortal, embora a eficácia de luta, da boa técnica, da energia obtida através de treinamentos sejam levadas em conta. O Budo não deve ser encarado como uma ciência, e sim, como uma arte, embora as artes marciais tenham comprovação científica. Seu objetivo principal não é o de obter sucesso em lutas, medalhas ou troféis, e sim, o de educar o instinto agressivo e a emotividade, transmutando uma criatura agressiva em um homem de temperamento dócil e gentil, capaz de conter as suas próprias reações, ciente de sua capacidade de combate. Para alcançarmos esse mérito, é de suma importância não supervalorizarmos o treinamento físico, em detrimento das altas concepções morais, que devem concomitantemente, acompanhar tais treinamentos. Somente trilhando esse caminho é que o praticante de Budo conseguirá atingir um dia, a sublime transformação e regeneração de sua personalidade. A consecução dessa nobre meta deverá ser conquistada através do caminhar constante pela senda das antigas tradições e velhas doutrinas ( Do ) que outrora foram palmilhadas por inúmeros mestres que as preservaram.